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30 de setembro de 2022
Prevenção ao suicídio: A omissão não é o caminho
O Suicídio ainda é tabu na sociedade e mais do que isso, é um assunto repleto de informações inverídicas, que infelizmente atrapalham o entendimento das pessoas sobre este tema tão importante. Os questionamentos são inúmeros e nem sempre as respostas são tão facilmente encontradas, simplesmente porque, quando se trata da mente humana, é impossível definir uma verdade absoluta.
Em 2022, um estudo realizado pelo Monitor Global dos Serviços de Saúde, aponta que a preocupação dos brasileiros com a saúde mental vem aumentando, chegando a ultrapassar a preocupação com doenças como o câncer, por exemplo. Em contrapartida, a OMS aponta que no mundo, de maneira geral, o suicídio vem diminuindo, mas no Brasil a realidade é diferente: os casos de suicídio vêm aumentando consideravelmente chegando a 12 mil mortes por ano.
Se temos um instinto natural de sobrevivência, o que leva uma pessoa a ir em direção à autodestruição? Como eu disse anteriormente, esta é uma pergunta complexa com respostas incertas, mas o que sabemos é que são diversos os fatores a serem analisados.
Primeiramente, quando avaliamos os históricos de suicídio percebemos uma acentuada correlação aos diversos transtornos mentais, como depressão, bipolaridade e até utilização de substâncias psicoativas. A maior parte das pessoas que cometem suicídio possuem algum tipo de transtorno mental, mas boa parte das pessoas que possuem transtorno mental nem sempre cometerão suicídio. Percebe a complexidade? A boa notícia é que há prevenção e isto nos leva a dois pontos chaves: o diagnóstico precoce e o acolhimento.
Além destes, outros pontos são também relevantes: situações traumáticas, histórico de abuso e os relacionamentos que foram construídos na existência de uma pessoa e até mesmo aspectos sociais como a situação econômica, o histórico familiar e a condição biológica em que a pessoa se encontra. Sim, todos esses fatores podem ser considerados de risco. Sendo assim, não há um fator determinante para o suicídio.
A pessoa que comete o suicídio encontrou nele uma saída para acabar com a dor emocional que já não era possível suportar. Os sentimentos de desvalor, desamor e desamparo são muito presentes e intensificam a percepção de que não há outra alternativa. A pessoa entra em um ciclo de pensamentos que não consegue controlar e um sofrimento que não consegue conter.
Então, como podemos fazer para ajudar uma pessoa que se encontra neste tipo de situação? O mais importante nesse processo é não adotar uma postura de julgamento e nem mesmo menosprezar o sentimento de alguém: o sentimento é dela e ela tem o direito de se sentir assim.
Quando conversamos com familiares e amigos de pessoas que cometeram suicídio, vemos o relato de que diversos sinais foram dados antes do ato, então não cometa o erro do julgamento. Os sinais podem vir em forma de comentários, avisos, desabafos ou até brincadeiras. Também não podemos confundir a falsa calmaria com a cura, visto que a ideação suicida pode acontecer inesperadamente.
Deixe que a pessoa fale, acolha, se coloque à disposição e a oriente a procurar ajuda profissional, ter um suporte especializado é indispensável. Entenda que omitir o suicídio das conversas jamais será uma solução, muito pelo contrário, a omissão é a maneira mais ineficaz de preveni-lo.
E como podemos prevenir o adoecimento mental? Entenda que somos a unificação de corpo e mente. Quando temos um desconforto físico, automaticamente recorremos a um médico para avaliarmos o que está acontecendo. Trate o seu desconforto emocional com a mesma urgência e importância que trata o seu estado físico. Cuide do seu bem mais precioso: a sua mente.
Lembre-se que adotar hábitos saudáveis é de extrema relevância, mas jamais desconsidere a importância da psicoterapia no processo de melhoria e promoção do seu bem estar mental e até mesmo físico. Independente da situação, seja um defensor do autoconhecimento!
Texto: Dayane Eurico dos Santos (Psicóloga)